quinta-feira, 10 de abril de 2014

Petistas acusam falhas de Dilma pela crise na Petrobrás

Segundo os cálculos do ex-dirigente, devem ser excluídos do valor total desembolsado pela Petrobras 340 milhões de dólares gastos com a aquisição de estoques, que geraram lucro para a estatal; 202 milhões de dólares de gastos com o litígio judicial com a Astra Oil; e 156 milhões de dólares pagos a título de garantias bancárias para a operação cotidiana da refinaria.

Também não deveriam entrar no cálculo do valor do investimento, segundo Gabrielli, 150 milhões de dólares pagos em juros referentes ao período de litígio; 5 milhões de dólares em honorários advocatícios; e outros 44 milhões de dólares pagos pela estatal brasileira à Astra Oil nos ajustes finais do rompimento da sociedade.

Sem comentar possíveis erros de comunicação, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) afirmou que as explicações dadas por Gabrielli "mostram que o negócio não era uma falcatrua", e que à época "foi um bom negócio".

O ex-presidente da estatal disse aos parlamentares que a compra da refinaria em Pasadena foi um ótimo negócio, considerando o cenário mundial de refino naquele momento.

"A referência para saber se o preço de uma refinaria é ‘barato ou caro' é o custo em dólar por barril processado por dia", segundo trecho da apresentação de Gabrielli à bancada obtido pela Reuters. "Em 2006, a Petrobras pagou por 50 por cento da refinaria de Pasadena, 3.800 dólares por barril de capacidade de processamento/dia. O valor médio das aquisições em 2006 foi de 9.734 dólares por barril/dia", compara outro trecho da apresentação.

Mas argumentos favoráveis ao negócio entre a estatal e a Astra Oil, na avaliação de petistas, são difíceis de serem levados adiante depois que a presidente Dilma Rousseff, que presidia o Conselho de Administração da Petrobras à época, emitiu uma nota informando que a decisão foi tomada com base num documento "técnica e juridicamente falho".

A presidente disse ainda, ao responder a denúncias de supostas irregularidades, que se soubesse de todas as cláusulas do contrato não teria autorizado a negociação.

"Esse foi um erro crasso dela. Ela não precisava ter feito nota alguma. Se não toda, a maior parte da bancada tem essa avaliação", disse à Reuters um outro deputado petista, sob condição de anonimato.

Um terceiro parlamentar petista, que participou da reunião, disse que a entrevista da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, concedida no mês passado ao jornal O Globo informando que desconhecia partes dos contratos entre a estatal e a Astra Oil, também foi avaliada como desastrosa para o governo.

"Aquilo mostrou que nem a presidente Dilma e nem a nova presidente da Petrobras sabiam do que estavam falando", criticou esse petista.

Poucos dias após a divulgação da nota da presidente Dilma, a oposição já conseguido recolher assinaturas suficientes para a criação de uma CPI no Senado. O governo ainda manobra junto aos aliados para evitar a instalação da CPI ou para ampliar o escopo da investigação para incluir supostas irregularidades envolvendo trens e metrôs em São Paulo e do Distrito Federal, que poderiam respingar em partidos de oposição.

A criação de uma CPI para investigar a estatal pode causar dificuldades políticas adicionais à Dilma, que irá disputar a reeleição e tem sofrido com a queda das intenções de voto e da avaliação positiva do governo, de acordo com pesquisas recentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário